9 de dezembro de 2007

Aguardente


Há coisas na vida pelas quais passamos, os aprendizados, os erros, repercutem ao nosso redor e nos provam que realmente há situações que precisam ser vivenciadas profundamente até que o propósito seja alcançado.

Precisei parar por um tempo para reciclar, o mundo se abriu para mim cheio de novos acontecimentos, pessoas novas, um novo olhar sobre o que já é passado, idéias bem elaboradas, um gosto mais apurado sobre o que realmente é importante nesta existência.

De uma coisa eu já tenho absoluta certeza, escrever é um dos meus grandes baratos, tirar isso de mim é quase como não me deixar sangrar, é como choro sem lágrimas, beijo sem língua, sexo sem prazer... Outro dia ouvi alguém falar de navalha na carne, é bem por aí. Gosto de passar pela vida como surpresa, questionamento, transparência, bondade, maldade, luz e sombra , sentindo o cheiro do que aparentemente parece ser perfume. Viver sem verdades montadas, palavras tiradas, dúvidas no ar, porque se for para se entregar, pode algemar.

Amo me transformar em letras, conhecer o mundo pelo avesso, ver os arranhões, os machucados, curtir os dias de alegria, o aconchego da cama quentinha e sentir a paz que vem de dentro.

Outro dia, não lembro muito bem, alguém me falou que as palavras “amigo” e “eu te amo” se perderam do seu real significado. Eu concordo que cada pessoa tenha o real significado de cada palavra dentro de si, assim como alguns chamam um ser desconhecido de “amigo” , muitos outros já não sabem o que é respeito, lealdade, companheirismo, honestidade, honra, amor... e se comportam da forma que melhor lhe convém, fácil fácil colocar máscaras.

Voltei a me encontrar com a caneta transformada em teclado, a provocar silêncios, a mexer esqueletos, ou melhor, vértebras. Mas o que importa mesmo é o movimento, os reencontros, o desejo de voar, e a real compreensão das nossas grandes diferenças.
A vida é curta. Curta!

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