20 de abril de 2008

Cuidando da Relação



Acho que podemos concordar com a idéia de que todas as relações humanas inspiram cuidados. Desde que tenhamos bem claro o que significam estes cuidados.

O amor, assim como todas as relações, não vem pronto, muito menos acompanhado de uma bula ou de um relatório de como se relacionar com um outro ser. Cada um de nós tem a sua individualidade, recebeu uma criação diferente, viveu histórias próprias e reage às situações da vida de modo completamente distinto.
Assim, quando duas ou mais pessoas se unem numa família, numa relação de amor e até mesmo de trabalho, surgem os conflitos de interesses, formas de pensar e idéias peculiares em relação à vida.
Cada ser humano é um mundo diverso. Você já deve conhecer histórias de filhos de uma mesma mãe e pai que são criaturas totalmente diferentes. As famílias grandes comprovam essa teoria. E não são poucas as histórias que ouço de pessoas que se dizem preteridas em relação ao amor que a mãe ou o pai dispensava para um outro irmão.
Quando recebo alguém muito infeliz com suas relações, sempre pergunto se a pessoa está pronta para trazer a responsabilidade do desafeto para uma visão mais espiritual. Sim, porque essa não é uma questão fácil para se ver.
Todos queremos o amor que flui do coração com harmonia, as conversas que acontecem sem um duplo sentido de interpretação ou de visão, um carinho que de fato aconchega. Esse é o ideal de um amor. Algo leve, suave e tranqüilo, mas na realidade poucas são as relações que geram esse tipo de energia.
Na maioria das vezes, as histórias são tensas, as pessoas ficam procurando as palavras que exprimam o que sentem ou em alguns casos se escondem para não mostrar fragilidade numa couraça, revelando que pouco se importam com aquilo que estão recebendo do parceiro.
Por isso, afirmo que não é fácil olhar para a nossa vida e para nossas relações de mente e coração aberto. Temos medo de nos ferir ainda mais com as respostas que por ventura venhamos encontrar. Ao mesmo tempo queremos demais uma solução para a dor.
Sempre pergunto aos meus clientes: O que veio primeiro o ovo ou a galinha???Sim, o que veio primeiro, você com sua forma de ser e de agir, como um espírito com suas tendências e necessidades de aprendizado ou uma família ou ainda relações que trazem dificuldades???
Somos nós que criamos o mundo à nossa volta ou esse mundo é um espelho daquilo que trazemos dentro de nós e de alguma forma manifestamos?
Se colocar na situação de vítima em pleno 2008 não tem muito cabimento. Nossa humanidade já evoluiu bastante para ver que temos uma ação em tudo o que nos acontece. As crianças pequenas aprendem na escola que se jogamos o lixo na rua, os bueiros ficarão entupidos, o lixo se espalhará nos recantos e nós ficaremos no meio da sujeira.
Por que não transferimos essa compreensão para nossa intimidade? Por que nas nossas relações não agimos cuidando das pessoas e de nós mesmos de forma amorosa compreendendo os limites das pessoas? Por que exigimos dos outros aquilo que muitas vezes as pessoas não podem nos dar em troca porque não tem dentro de si?Por que nos humilhamos tentando consertar as pessoas que não querem ser consertadas, por que nem sequer estão interessadas em olhar para os seus erros?
O tempo todo estamos procurando uma felicidade perfeita fora de nós e entendemos Deus como uma coisa das religiões e não como um força interna, uma luz que nos ilumina, uma energia que nos direciona para uma abertura em nossa mente?Cuidar das relações começa e termina em cuidar de si mesmo, de aprender com as experiências da vida e, definitivamente, sair do papel de vítima.
Pode ser que as questões que você enfrenta hoje sejam de fato difíceis e que você se sinta fraco, cansado e sem vontade de continuar. Mas, meu amigo, o caminho é seu, as histórias são suas. Os Mestres de Luz ensinam que o mundo, as pessoas ao nosso redor fazem parte do cenário de nossa vida, mas que o papel principal é e deve ser nosso.

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